TEMA DO
VESTIBULAR DA FUVEST
Até entre os
apreciadores de caviar (os que podem pagar) a ‘Camarotização’ está presente.
“Você sabe o
que é caviar?”
“Nunca vi,
nem comi, só ouço falar”.
Da letra da
música interpretada por Zeca Pagodinho, a pérola não está na ostra, mas no
caviar.
E fica fácil
explicar o que é ‘Camarotização’.
Para os
mesmos apreciadores da iguaria, há diferenças de sabor, cor e preço até no
caviar. Quem pode mais paga o mais caro e degusta, mas é tudo caviar.
Para nós -
os mortais - também é assim. Na hora da morte, velório pode ser espaço para
ricos, remediados e pobres. Para estes últimos, nem pensar em coroa de flores,
caixão de luxo, cremação. Mas todos morrem.
No avião,
então, tem camarotização: primeira classe, executiva, econômica. Champagne,
caviar, comidas exóticas e deliciosas. Na econômica, só água e olhe-lá.
Camarotização
é a sala Vip nos aeroportos, crachá especial para camarotes em shows, desfiles
de moda, eventos. Sem contar o tapete vermelho para os ‘camarotizados’ de
prestígio e grana claro.
Até na
feijoada – que os escravos africanos eternizaram como um dos principais pratos
típicos do Brasil - o tal tema do vestibular mais procurado no País está
presente. Desde os ingredientes à apresentação.
Camarotização
é como pilotar uma Ferrari ou um Fusca.
Vestir-se
com roupas de grife, ou escolher na baciada de lojas populares.
É da vida
diriam alguns. Também é da vida saber que negros e brancos têm distinção no
emprego, na escola, na revista da polícia, no acesso às agências bancárias e
quando dirigem um carro de luxo são os primeiros a serem parados nas blitzs.
Logo o guarda pergunta: ‘Você é motorista, puxador de carro ou outro tipo de
bandido?’
‘Não,
responde o motorista: sou o dono do carro’.
A regra
vale, também, para esportistas negros, artistas da TV, publicidade e quase tudo
o mais. É a camarotização pela cor. Quanto mais branquinha, ruivinha e
bonitinha, melhor?
Camarote tem
no Carnaval. A plebe fica na arquibancada tomando sua cervejinha, refrigerante
e comendo empadinha, quando é possível.
No camarote,
só beldades contratadas têm acesso de graça para ‘enfeitar’ a festa. Uísque de
boa marca, champagne e mesas fartas não faltam.
Bem, como o
Carnaval está chegando, vou tentar um ingresso para um camarote na avenida. No
fundo, no fundo esta tal de camarotização nas alturas deve ser coisa boa.
Melhor, só
uma boca-livre!
Roberto Sassi é jornalista
sassi.roberto@gmail.com