Busque outras postagens!

quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Coluna do Sassi

0 comentários


TEMA DO VESTIBULAR DA FUVEST

Até entre os apreciadores de caviar (os que podem pagar) a ‘Camarotização’ está presente.
“Você sabe o que é caviar?”
“Nunca vi, nem comi, só ouço falar”.
Da letra da música interpretada por Zeca Pagodinho, a pérola não está na ostra, mas no caviar.
E fica fácil explicar o que é ‘Camarotização’.
Para os mesmos apreciadores da iguaria, há diferenças de sabor, cor e preço até no caviar. Quem pode mais paga o mais caro e degusta, mas é tudo caviar.
Para nós - os mortais - também é assim. Na hora da morte, velório pode ser espaço para ricos, remediados e pobres. Para estes últimos, nem pensar em coroa de flores, caixão de luxo, cremação. Mas todos morrem.
No avião, então, tem camarotização: primeira classe, executiva, econômica. Champagne, caviar, comidas exóticas e deliciosas. Na econômica, só água e olhe-lá.
Camarotização é a sala Vip nos aeroportos, crachá especial para camarotes em shows, desfiles de moda, eventos. Sem contar o tapete vermelho para os ‘camarotizados’ de prestígio e grana claro.
Até na feijoada – que os escravos africanos eternizaram como um dos principais pratos típicos do Brasil - o tal tema do vestibular mais procurado no País está presente. Desde os ingredientes à apresentação.
Camarotização é como pilotar uma Ferrari ou um Fusca.
Vestir-se com roupas de grife, ou escolher na baciada de lojas populares.
É da vida diriam alguns. Também é da vida saber que negros e brancos têm distinção no emprego, na escola, na revista da polícia, no acesso às agências bancárias e quando dirigem um carro de luxo são os primeiros a serem parados nas blitzs. Logo o guarda pergunta: ‘Você é motorista, puxador de carro ou outro tipo de bandido?’
‘Não, responde o motorista: sou o dono do carro’.
A regra vale, também, para esportistas negros, artistas da TV, publicidade e quase tudo o mais. É a camarotização pela cor. Quanto mais branquinha, ruivinha e bonitinha, melhor?
Camarote tem no Carnaval. A plebe fica na arquibancada tomando sua cervejinha, refrigerante e comendo empadinha, quando é possível.
No camarote, só beldades contratadas têm acesso de graça para ‘enfeitar’ a festa. Uísque de boa marca, champagne e mesas fartas não faltam.
Bem, como o Carnaval está chegando, vou tentar um ingresso para um camarote na avenida. No fundo, no fundo esta tal de camarotização nas alturas deve ser coisa boa.
Melhor, só uma boca-livre!   


     Roberto Sassi é jornalista
     sassi.roberto@gmail.com

Leave a Reply

Compartilhe

Twitter Facebook Favorites