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sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

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Arrastão e aplauso


Os aplausos da população aos policiais que atuaram na virada do ano, nas praias de Guarujá, podem significar mais do que uma simples manifestação coletiva de alívio. A atitude pode estar iniciando uma importante mudança de paradigma, já que o apoio popular era efusivo e acalorado, sempre que um dos bandidos era preso. O arrastão pode ter prejudicado a cidade, já que a mídia nacional dá mais importância ao que acontece no litoral quando o fato está associado à palavra Guarujá, reflexo da importância da cidade no cenário turístico.

Entretanto, a oportunidade que se abre com a admissão do fato e sua correta leitura podem trazer mais benefícios do que se proteger do sol com uma peneira. O crime tem um glamour que não merece, especialmente nos núcleos mais carentes da cidade, onde o menor de idade tem sonhos e necessidades idênticas aos de qualquer um de sua espécie. Relógios de luxo, celulares modernos e roupas de grife se tornaram objetos de consumo para quem mora perto ou longe do shopping. Invisível na favela, o poder público é substituído pelo crime, que oferece carreiras meteóricas, porém fatais.

Na praia, o momento da queima de fogos era um espetáculo à parte. Todos queriam fotografar o brilho e a luz de artifício, mas o bandido queria mais. Queria subtrair do outro o que não lhe pertencia de fato, mas que acreditava pertencer de direito. Como é para isso que existe, a polícia preservou direitos. O episódio ainda não foi totalmente digerido ou avaliado pelas autoridades públicas, mas o vereador Givaldo do Açougue anuncia que irá propor moção de apoio aos policiais e a todos que garantiram sua presença na praia. Já é um começo.

Valdir Dias
Jornalista

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