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quinta-feira, 20 de março de 2014

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Bandeirolas na areia

Faltando menos de 80 dias para o início da Copa do Mundo, os mais ruidosos sinais de que Guarujá será uma das sub-sedes do evento são algumas bandeirolas espalhadas pelos quiosques na praia da Enseada, mais especificamente em frente ao hotel que abrigará a seleção da Bósnia. Nas escolas, criança alguma recebeu qualquer informação acerca dos estrangeiros deste estranho país, que visitarão a cidade por algumas semanas. Nossas unidades de saúde de emergência também não estão sendo preparadas para o atendimento das pessoas que falam outros idiomas, que não o nosso.
A notícia pior, entretanto, é que este despreparo não é privilégio de Guarujá, mas no momento acomete várias sedes e sub-sedes, cidades e estados que estariam vivendo o clima de Copa do Mundo, se não fosse a lentidão com que isso acontece. Feito o cão que persegue a roda e depois não sabe o que fazer, nós, brasileiros e guarujaenses, estamos diante de uma janela de oportunidades. Basta abri-la.
O evento foi encarado como prioridade pelas diferentes esferas de governo, desde a federação até os municípios, passando pelos gestores dos estados, mas na hora de colocar o projeto em prática alguns destes governantes descobriram que o assunto interessa menos à população do que eles imaginaram antes. Com isso, a prioridade passou a ser fazer a Copa do Mundo sem problemas. Assim, já haverá aprovação da Fifa e governante algum receberá qualquer chute no traseiro. Pior para a integração das raças e culturas.
Povo algum sobrevive sem sua memória e os bósnios têm muito a nos ensinar em termos de resistência, educação e resolução de conflitos. Dominados ao longo da existência por diferentes impérios, eles obtiveram sua autonomia há pouco tempo, mas têm apenas 3% de analfabetos, enquanto o Brasil tem 19%. No quesito saúde, a taxa de mortalidade infantil da Bósnia é de oito crianças mortas, antes de completar cinco anos de idade, a cada grupo de cem mil habitantes. Por aqui, morrem  20. E, por aí vai.

Valdir Dias
Jornalista

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