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quinta-feira, 27 de junho de 2013

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Panela de pressão
Não fez um mês que começaram as manifestações pelo país, mas alguns contadores de história já se aventuram a dar forma e nome aos eventos que temos o privilégio de vivenciar. A necessidade de mudanças evidenciou o abismo existente há anos, entre quem está nas ruas sem saber exatamente como as quer e os políticos no poder, que sabem exatamente que não as querem de jeito algum.
Em geral, são mudanças simples como, por exemplo, um tratamento de respeito e dignidade por quem elas elegem. Que as promessas feitas de porta em porta, na campanha, sejam cumpridas à risca, sem aquelas velhas desculpas da falta de dinheiro ou do eu-não-sabia-que-era-assim. Porém, além de votar mal, muitos brasileiros deixam de cobrar por seus direitos.
Boa parte da população que foi às ruas sequer sabe que a legislação exige que o orçamento da cidade seja debatido anualmente em audiências públicas, que se não são os cenários ideais para as transformações é porque ninguém começou ainda um movimento para ocupar estas audiências e transformá-las no que elas realmente deveriam ser.
Afinal, foi para isso que a atual Constituição Federal foi escrita, em 1988, por pessoas eleitas pela mesma geração que acabara de derrubar a ditadura e mandar os militares de volta aos quartéis, de onde é bom que nunca mais saiam. A democracia implantada desde essa época tem suas armadilhas, artimanhas criadas pelos próprios políticos, mas também tem seus antídotos, que dependem de uma até agora utópica mobilização da sociedade.
Portanto, além das ruas, os manifestantes devem ocupar as assembléias, audiências, sessões de Câmara e outras salas onde acontecem as consultas públicas que a Constituição Federal já exige para o funcionamento da máquina administrativa. Conhecer o funcionamento dessa máquina e dos parlamentos é fundamental para estabelecer uma agenda de mudanças. Afinal, os políticos não gostam de ouvir e odeiam ler isso, mas a grande maioria só atua sob a pressão popular.
Valdir Dias
Jornalista – Colaborador

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