Rapaz jogou futebol na base de Santos, Juventude e
Grêmio.
Do G1
Santos
O pai de
um rapaz que foi preso após ter assaltado duas crianças no bairro Enseada, no Guarujá,
não consegue entender o que levou o filho, ex-jogador de futebol, que
atualmente trabalhava como caldereiro, a praticar os crimes. O homem, de 22
anos, foi preso após duas estudantes, de 12 e 13 anos, terem passado o número
da placa do carro dele para a Polícia.
As
meninas voltavam da escola quando foram abordadas por criminosos, que
perguntaram o horário e, em seguida, pediram os celulares e as carteiras das
crianças, fugindo apenas com os aparelhos. Durante o período em que estiveram
com os assaltantes, as meninas mantiveram a calma e anotaram o número da placa
da moto. Assim que eles se foram, as meninas ligaram para a polícia.
Um dos
presos tem passagem por furto. Já o outro tinha sido jogador de futebol e
trabalhava com o pai em um estaleiro no Guarujá. Isaac Ferreira, pai de um dos
assaltantes, esteve na delegacia e ficou surpreso com a atitude do rapaz. “Ele
começou no Santos, depois foi para o Juventude e, de lá, foi para o Grêmio de
Porto Alegre, encerrando a carreira prematuramente no Atlético Mineiro. No
mundo do futebol ele conhece quase todos os jogadores por onde passou”,
lamenta.
Com os
dados passados pelas garotas, a polícia conseguiu encontrar e prender os
assaltantes. Para Wagner Camargo Gouveia, delegado na cidade, a pouca idade e a
calma das meninas surpreenderam. “O mais interessante é que uma tem 12 e outra
13 anos e, mesmo assim, elas tiveram a inteligência de ficar calmas e anotarem
a placa na mão, com número e letra e, depois, passar para a viatura”, explica.
Isaac
contou que o filho decidiu parar de jogar aos 17 anos, quando foi fazer um
curso de eletricista. “Ele trabalha como caldeireiro em um estaleiro. Trabalhou
hoje às 15h e saiu cedo. Quando foi a tarde já estava na prática do roubo. Para
mim foi um choque muito grande, não esperava isso. Não sei o que levou ele a
fazer isso. Não entendo. Eu sempre falo para ele. Quer parar de trabalhar para,
vai estudar, vai fazer faculdade. O que a gente ganha dá para pagar a sua
faculdade também”, afirma.
Isaac
tentou encontrar justificativa para entender o que o filho fez. “Pela criação,
pela educação que ele recebeu, apesar da gente sempre morar em um bairro
humilde, ele nunca teve envolvimento com crimes. Conhecimento sim, porque foi
nascido e criado conhecendo todo mundo. Isso para mim foi uma surpresa”,
descreve.
O pai diz
que pretende conversar com o filho para tentar entender o que aconteceu. “Vou
conversar, ver o que levou ele a fazer isso, ou o que a gente falhou que levou
ele a praticar esse tipo de coisa, porque isso foi inesperado. Ainda mais as
duas crianças que ficaram aqui, dava pena de ver, coisa que a gente não quer
para os nossos, acho que ele não quer para o filho dele. Ele tem um filho de
cinco anos. Acho que ele não imagina alguém fazendo isso com o filho dele.
Minha pergunta para ele vai ser ‘por que fazer isso com o filho dos outros?’ e
sem necessidade”, desabafa.