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sábado, 8 de junho de 2013

ENTREVISTA DO BANDIDO MARCOLA AO JORNAL O GLOBO: VERDADEIRA OU FALSA?

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Se verdadeira, estamos todos no inferno



O GLOBO: Você é do PCC?
- Mais que isso, eu sou um sinal de novos tempos. Eu era pobre e invisível… vocês nunca me olharam durante décadas… E antigamente era mole resolver o problema da miséria… O diagnóstico era óbvio: migração rural, desnível de renda, poucas favelas, ralas periferias… A solução é que nunca vinha… Que fizeram? Nada. O governo federal alguma vez alocou uma verba para nós? Nós só aparecíamos nos desabamentos no morro ou nas músicas românticas sobre a “beleza dos morros ao amanhecer”, essas coisas… Agora, estamos ricos com a multinacional do pó. E vocês estão morrendo de medo… Nós somos o início tardio de vossa consciência social… Viu? Sou culto… Leio Dante na prisão…


O GLOBO: – Mas… a solução seria…
- Solução? Não há mais solução, cara… A própria idéia de “solução” já é um erro. Já olhou o tamanho das 560 favelas do Rio? Já andou de helicóptero por cima da periferia de São Paulo? Solução como? Só viria com muitos bilhões de dólares gastos organizadamente, com um governante de alto nível, uma imensa vontade política, crescimento econômico, revolução na educação, urbanização geral; e tudo teria de ser sob a batuta quase que de uma “tirania esclarecida”, que pulasse por cima da paralisia burocrática secular, que passasse por cima do Legislativo cúmplice (Ou você acha que os 287 sanguessugas vão agir? Se bobear, vão roubar até o PCC…) e do Judiciário, que impede punições. Teria de haver uma reforma radical do processo penal do país, teria de haver comunicação e inteligência entre polícias municipais, estaduais e federais (nós fazemos até conference calls entre presídios…). E tudo isso custaria bilhões de dólares e implicaria numa mudança psicossocial profunda na estrutura política do país. Ou seja: é impossível. Não há solução.

O GLOBO: – Você não têm medo de morrer?
- Vocês é que têm medo de morrer, eu não. Aliás, aqui na cadeia vocês não podem entrar e me matar… mas eu posso mandar matar vocês lá fora…. Nós somos homens-bomba. Na favela tem cem mil homens-bomba… Estamos no centro do Insolúvel, mesmo… Vocês no bem e eu no mal e, no meio, a fronteira da morte, a única fronteira. Já somos uma outra espécie, já somos outros bichos, diferentes de vocês. A morte para vocês é um drama cristão numa cama, no ataque do coração… A morte para nós é o presunto diário, desovado numa vala… Vocês intelectuais não falavam em luta de classes, em “seja marginal, seja herói”? Pois é: chegamos, somos nós! Ha, ha… Vocês nunca esperavam esses guerreiros do pó, né? Eu sou inteligente. Eu leio, li 3.000 livros e leio Dante… mas meus soldados todos são estranhas anomalias do desenvolvimento torto desse país. Não há mais proletários, ou infelizes ou explorados. Há uma terceira coisa crescendo aí fora, cultivado na lama, se educando no absoluto analfabetismo, se diplomando nas cadeias, como um monstro Alien escondido nas brechas da cidade. Já surgiu uma nova linguagem.Vocês não ouvem as gravações feitas “com autorização da Justiça”? Pois é. É outra língua. Estamos diante de uma espécie de pós-miséria. Isso. A pós-miséria gera uma nova cultura assassina, ajudada pela tecnologia, satélites, celulares, internet, armas modernas. É a merda com chips, com megabytes. Meus comandados são uma mutação da espécie social, são fungos de um grande erro sujo.

O GLOBO: – O que mudou nas periferias?
- Grana. A gente hoje tem. Você acha que quem tem US$40 milhões como o Beira-Mar não manda? Com 40 milhões a prisão é um hotel, um escritório… Qual a polícia que vai queimar essa mina de ouro, tá ligado? Nós somos uma empresa moderna, rica. Se funcionário vacila, é despedido e jogado no “microondas”… ha, ha… Vocês são o Estado quebrado, dominado por incompetentes. Nós temos métodos ágeis de gestão. Vocês são lentos e burocráticos. Nós lutamos em terreno próprio. Vocês, em terra estranha. Nós não tememos a morte. Vocês morrem de medo. Nós somos bem armados. Vocês vão de três-oitão. Nós estamos no ataque. Vocês, na defesa. Vocês têm mania de humanismo. Nós somos cruéis, sem piedade. Vocês nos transformam em superstars do crime. Nós fazemos vocês de palhaços. Nós somos ajudados pela população das favelas, por medo ou por amor. Vocês são odiados. Vocês são regionais, provincianos. Nossas armas e produto vêm de fora, somos globais. Nós não esquecemos de vocês, são nossos fregueses. Vocês nos esquecem assim que passa o surto de violência.

O GLOBO: – Mas o que devemos fazer?
- Vou dar um toque, mesmo contra mim. Peguem os barões do pó! Tem deputado, senador, tem generais, tem até ex-presidentes do Paraguai nas paradas de cocaína e armas. Mas quem vai fazer isso? O Exército? Com que grana? Não tem dinheiro nem para o rancho dos recrutas… O país está quebrado, sustentando um Estado morto a juros de 20% ao ano, e o Lula ainda aumenta os gastos públicos, empregando 40 mil picaretas. O Exército vai lutar contra o PCC e o CV? Estou lendo o Klausewitz, “Sobre a guerra”. Não há perspectiva de êxito… Nós somos formigas devoradoras, escondidas nas brechas… A gente já tem até foguete anti-tanques… Se bobear, vão rolar uns Stingers aí… Pra acabar com a gente, só jogando bomba atômica nas favelas… Aliás, a gente acaba arranjando também “umazinha”, daquelas bombas sujas mesmo. Já pensou? Ipanema radioativa?

O GLOBO: – Mas… não haveria solução?
- Vocês só podem chegar a algum sucesso se desistirem de defender a “normalidade”. Não há mais normalidade alguma. Vocês precisam fazer uma autocrítica da própria incompetência. Mas vou ser franco…na boa… na moral… Estamos todos no centro do Insolúvel. Só que nós vivemos dele e vocês… não têm saída. Só a merda. E nós já trabalhamos dentro dela. Olha aqui, mano, não há solução. Sabem por quê? Porque vocês não entendem nem a extensão do problema. Como escreveu o divino Dante: “Lasciate ogna speranza voi cheentrate!” Percam todas as esperanças. Estamos todos no inferno.


















Marcola
                                                           


Nome
Marcos Willians Herbas Camacho
Pseudônimo(s)
Marcola
Nascimento

13 de Abril de 1968 
Osasco - SP
Nacionalidade
brasileira
Crime
Tráfico de drogas e assalto a banco e envolvimento com o crime organizado
Pena
44 anos
Situação
Preso

Marcos Willians Herbas Camacho (1968, Osasco, São Paulo) conhecido pela alcunha Marcola é considerado, pelo Estado de S.Paulo, o líder da organização criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC). Marcola nega, e diz que o PCC não tem liderança. Atualmente preso em Presidente Bernardes (SP) sob RDD (regime disciplinar diferenciado).
Biografia
Nascido no Bairro do Vila Yolanda em Osasco, em São Paulo filho de pai boliviano e mãe brasileira, Marcos Willians Herbas Camacho iniciou sua carreira criminosa aos nove anos de idade, como trombadinha na Baixada do Glicério, no centro de São Paulo.
Aos 35 anos, Marcola já havia passado metade de sua vida na cadeia. Terminou o ensino fundamental na cadeia e diz ter lido mais de 3 mil livros. Livros tidos como os preferidos de Marcola: A Arte da Guerra, de Sun Tzu, O Príncipe, de Maquiavel, e duas biografias de Che Guevara.
Recentemente, casou-se com uma estudante universitária de Direito.
Ataques
Por sua determinação, em 12 de maio de 2006, deu-se início ao maior ataque da história recente contra a polícia do estado de São Paulo, com pelo menos 45 mortes: 23 policiais militares, sete policiais civis, três guardas municipais, oito agentes penitenciários e quatro civis. Em seu revide, a polícia matou 107 criminosos.
Também por determinação de Marcola, após suposta negociação com o governo do estado de São Paulo, as rebeliões e os ataques foram cessados. Em outras duas ondas de ataques nos meses de julho e agosto, agências bancárias, lojas e ônibus foram incendiados.

Marcola tem um irmão, Alejandro Juvenal Herbas Camacho Júnior, de 34 anos. Ele foi preso pelo Departamento de Investigações sobre Narcóticos (DENARC), de São Paulo, em 25 de abril de 2006, na zona leste da capital. Camacho Júnior, conhecido como Júnior, foi um dos protagonistas da fuga do Complexo do Carandiru, em 26 de novembro de 2001, escapando da cadeia com mais 101 detentos, através de um túnel. Desde então, ele era o líder do PCC mais procurado pela Polícia Federal Brasileira.
Foi convocado a depor na CPI dos Bingos, causando polêmica ao confrontar os deputados, diversas vezes, ao responder a suas acusações de roubo com o questionamento "e vocês deputados, não roubam também?".
Também atribuiu seu título de líder do PCC como exagero, diz que foi intitulado assim pelo estado porque está preso, tentando o governo do estado de São Paulo garantir que a liderança da facção está presa.
Em agosto de 2006, Marcola voltou a negar ser líder da facção criminosa durante interrogatório sobre a morte do bombeiro João Alberto da Costa, ocorrida durante a onda de ataques às forças de segurança pública em maio de 2006. Marcola já foi denunciado pelo Ministério Público à Justiça pelo assassinato do bombeiro e pela morte do carcereiro Elias Pereira Dantas.

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