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quarta-feira, 5 de junho de 2013

Antes de ir ao estádio, saboreie um acarajé, porque lá é proibido

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O que é que a Fifa não tem, mas a baiana tem

Por Roberto Sassi e Colaboradores

Joseph Blatter, presidente da Fifa, não sabe de nada. Nos jogos da Copa das Confederações e Copa do Mundo, no Brasil, o acarajé - ‘bolinho de fogo’, que  árabes levaram para a África e, depois chegaram ao Brasil pelas mãos dos negros e negras escravizados terá sua venda proibida nas partidas de futebol.
O acarajé e as baianas estão banidos dentro e das proximidades dos estádios, em Salvador, e nos demais.
Quem diria que um Joseph qualquer mandaria até no que o povo gosta e quer comer antes e durante uma ‘pelada’ oficial, só porque é comandada por uma federação internacional de futebol?
Se estivesse vivo, o compositor e cantor baiano Dorival Caymmi estaria cantarolando suas letras geniais no ouvido do tal Joseph presidente da Fifa, para lembrar que o ‘bolinho de fogo’ - quente ou frio (com ou sem pimenta) é tão tradicional na cultura brasileira que assim foi nomeado oficialmente (leia texto em anexo).
O pior, mais triste do que pior é saber que a nossa presidenta Dilma cedeu. Concordou com as exigências do tal Joseph Blatter, matou a cobra e mostrou o pau: ‘Acarajé aqui nem perto das urnas eletrônicas’ no ano que vem, de eleições e Copa do Mundo.
Nas ruas próximas e nos campos de futebol, só pode vender cachorro- quente e hambúrguer.  Parabéns a todos os gênios que não sabem o que é a cultura do povo brasileiro.

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Ofício da Baiana do Acarajé é comemorado como Patrimônio Histórico Nacional

O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) registrou no dia 1º de dezembro de 2004 como Patrimônio Nacional o “Ofício da Baiana do Acarajé” e a importância cultural dos saberes e fazeres tradicionais aplicados na produção e comercialização das chamadas comidas de baiana.
De acordo com a Revista Eletrônica do Iphan, a história da baiana do acarajé começa no período da escravidão, quando os negros chegaram à Bahia , a partir do século XVI, com seus costumes e religião. As primeiras baianas de acarajé foram escravas africanas alforriadas.
A relação com a religiosidade era ainda mais forte e a massa era feita no próprio terreiro, de onde a baiana saia com todas as obrigações a serem cumpridas a seu Orixá. Através de um canto tradicional, iam chamando o povo para comprar e comer, usando a expressão em tom de canto “acará jê” (de akàrà, bola de fogo, e jê, vender). O acarajé e o abará, são principais produtos do tabuleiro da baiana, eram, ao mesmo tempo, alimentos para o corpo e para o espírito, preparados nos terreiros de Candomblé para cultuar os orixás Iansã e Xangô.
Já no final do século XIX, as mulheres tinham a permissão (dos senhores) para sair no final do dia, com o tabuleiro na cabeça (protegida por um torço de pano da costa), para comercializar os bolinhos, feitos de massa de feijão fradinho descascado, cebola, gengibre e camarão. Depois da abolição, em 13 de maio de 1888, a tradição continuou. Até meados da década de 70 do século XX, as baianas mantinham o costume de vender o produto somente à tarde e à noite. Depois que o acarajé caiu no gosto do turista, passou a ser um dos cartões de visita da culinária baiana e a ser vendido durante o dia.
O presidente da Fundação Cultural Palmares, Eloi Ferreira de Araujo declara a importância do quitute para o desenvolvimento sócio-econômico do país. “O acarajé é uma das contribuições africanas para nossa identidade nacional, que mais apetece nosso paladar. As baianas com seus tabuleiros, suas belas vestimentas nos encantam com a venda dos acarajés. Este é o resultado de uma cultura afro-brasileira e pertence a toda a nação”, afirma.

Reconhecimento – Segundo pesquisadores, a partir da segunda metade do século passado, as Baianas de Acarajé passaram a ser mais reconhecidas e valorizadas nacionalmente. Transformaram-se em ícones da cultura soteropolitana junto a outros aspectos da cultura imaterial, como o jogo da capoeira ou as festas de rua.

Acarajé na Copa – A FIFA divulgou uma nota em novembro deste ano, informando sua posição em relação à venda do acarajé nos estádios brasileiros durante a Copa de 2014. No comunicado, a Federação afirma que o acarajé estará presente nos tabuleiros das baianas, mas ainda não se sabe qual a concessionária brasileira ficará responsável pela venda e distribuição dos alimentos.
A ideia é que os licitantes contemplem nos cardápios um produto da culinária regional em cada estádio. O objetivo é refletir a diversidade das regiões no Brasil a partir de uma perspectiva gastronômica. Até o momento a venda do acarajé em Salvador faz parte das principais propostas recebidas pela FIFA. O acarajé é um dos quitutes mais procurados pelos turistas que frequentam a cidade.

Data especial – Em 25 de novembro é celebrado nacionalmente o Dia da Baiana. Nesta data, centenas delas se reúnem para comemorar no Pelourinho. De acordo com a Associação das Baianas de Acarajé, Mingau, Receptivo e Similares do Estado da Bahia (Abam), existem, em Salvador, cerca de 3.500 baianas trabalhando com a venda de quitutes e no receptivo de turistas.
Outra bela homenagem prestada às baianas foi feita em 2009, quando foi criado o Memorial da Baiana de Acarajé, cujo objetivo é situar a tradição, a história e demais temas agregados ao seu ofício. Em 2005, o próprio acarajé foi reconhecido como Patrimônio Cultural de Salvador pela Câmara Municipal.

Fontes: Correio*, Geledés, Revista Eletrônica do Iphan.

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A Preta do Acarajé
Dorival Caymmi

Dez horas da noite
Na rua deserta
A preta mercando
Parece um lamento
Ê o abará
Na sua gamela 
Tem molho e cheiroso
Pimenta da costa
Tem acarajé
Ô acarajé é cor
Ô la lá io
Vem benzer
Tá quentinho

Todo mundo gosta de acarajé
O trabalho que dá pra fazer que é
Todo mundo gosta de acarajé
Todo mundo gosta de abará
Ninguém quer saber o trabalho que dá
Todo mundo gosta de acarajé
O trabalho que dá pra fazer que é
Todo mundo gosta de acarajé
Todo mundo gosta de abará
Ninguém quer saber o trabalho que dá
Todo mundo gosta de abará
Todo mundo gosta de acarajé

Dez horas da noite 
Na rua deserta
Quanto mais distante
Mais triste o lamento
Ê o abará




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