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sexta-feira, 19 de abril de 2013

ARTIGO

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Dengue só mata pobres?
(Valter Batista de Souza)
O título do artigo é mais uma provocação do que uma simples pergunta ao leitor. Entretanto, chama a atenção que as mortes por causa da dengue têm sido comuns no atendimento público à saúde. Em Guarujá ocorreu a primeira morte este ano. A família reclama que o atendimento médico foi insuficiente e mal prestado. Só souberam da causa da morte após o fato consumado.
E o que poderia ser apenas uma leviandade ganha ares de grande importância. Há denúncias firmes de que há problemas graves relacionados aos médicos que atendem no serviço público municipal de Guarujá. Um vereador recentemente esteve no plantão da Unidade de Pronto Atendimento da Rodoviária e constatou que dos quatro médicos que tiveram seu cartão batido para o trabalho, apenas um estava atendendo. Nenhuma resposta da Secretaria de Saúde foi dada oficialmente.
Sabemos que os atendimentos são precários por falta de pessoal. Com poucos médicos disponíveis, o atendimento fica precarizado. As pessoas chegam, esperam horas para serem atendidas, quando se defrontam com os médicos, estes já estão saturados pela quantidade de doentes a quem têm que prestar socorro. É como um professor com salas de aula muito numerosas. Impossível dar conta.
Erros de diagnóstico podem acontecer, mas quando uma paciente comparece a uma unidade de saúde cinco vezes em seis dias, sem melhoria de seu quadro de saúde, o mínimo que se espera é uma atenção maior. Isso aconteceria se fosse num hospital privado? Se a paciente estivesse amparada em um hospital pago, receberia este atendimento adequado? Esta resposta pode ser fundamental para compreender o porquê da pergunta que dá título a estas poucas palavras.
Quem não pode pagar um plano de saúde tem mais chances de morrer. Quer porque há profissionais de menos, o que nos torna dependentes de médicos que burlam os sistemas de ponto, assinam e não trabalham, mas recebem. Quer porque os que fazem a sua obrigação e atendem aos seus pacientes nas unidades públicas de saúde, estão submetidos a jornadas desumanas, com excesso de pacientes e infraestrutura inadequada.
De quem é a culpa? Dos que deveriam tomar conta disso tudo, planejam, administram, assinam e mandam. São bem pagos, recebem mais de quatorze mil reais por mês para fazer com que este sistema funcione, mas se omitem, se escondem, deixando nossa população morrer de doenças que só matam por aqui!
Enganaram nossa população! Mentiram descaradamente que contrataram centenas de médicos. Deixam de equipar as unidades de saúde existentes, mas constroem novos elefantes brancos; fecham hospitais, mas gastam milhões em consultorias que não geram nenhuma solução para os problemas da população. Contratam centenas de puxa-sacos com salários altíssimos, mas continuam faltando os recursos que poderiam ter salvo a vida de tantas pessoas carentes, muitas delas que confiaram nesta turma incompetente e descompromissada.
Isso é ser gente do bem?
 O autor é professor, especialista em Gestão Pública

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