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quinta-feira, 18 de abril de 2013

ARTIGO

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Prefeita por decreto
(Valdir Dias)

Na história brasileira, seja em períodos de democracia ou de tirania, as cidades não têm como dissociar sua trajetória daquela que trilhou o próprio país. Guarujá, por exemplo, teve muitos prefeitos eleitos, mas também outros tantos biônicos, nomeados por decreto e imbuídos da função de mandatários, pelo absoluto princípio de que alguém sempre precisa ser alçado a um cargo, por escrito, para poder exercê-lo.

Foi assim que, durante alguns dias do ano de 1946, a cidade teve como prefeita a socialite Renata Crespi da Silva Prado, que gostava do glamour paulistano da época, mas devia horas de expediente a uma localidade do litoral paulista. Por vezes, mesmo que a contragosto, ela deveria descer a Serra do Mar para assinar papéis, ainda que a função lhe enfastiasse o corpo e lhe ocupasse o tempo.

Dona Renata não se empenhou por muito tempo da função de governar Guarujá. Preferiu cuidar da preservação dos casarões da família no planalto paulistano. Quem sabe não foi melhor assim. Outros, da família Malheiros, Tucunduva, Oliva e Falcão, já haviam esboçado planos de mudanças antes, mas viram sucumbir suas ambições pessoais pelo poderio nefasto que só o poder produz. Dona Renata e seus sucessores ou antecessores viraram, com o tempo, experiências do antes ou depois do escuro da ditadura.

Perceberam, desde então, que a função nem sempre era tão necessária. Bastava que ela fosse designada a quem lhe conviesse, por consenso ou por inércia. Nesse ambiente, foi crescendo a democracia e todos os meandros que as novas regras impunham. Foi nesta época, também, que os prefeitos passaram a ser escolhidos pelo povo, este sim, o mais legítimo signatário para um decreto que delegue poder a alguém.

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