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quinta-feira, 7 de março de 2013

ARTIGO

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Com esperteza e prepotência juvenis, Chorão foi um espelho para seus fãs

Em 1997, o rock brasileiro vivia um momento difícil, dez anos depois da afirmação de Legião Urbana, Titãs, Barão e Paralamas, entre outros.
O gênero claudicava em vendas diante de Leandro & Leonardo e do É o Tchan.
Lançado naquele ano, o primeiro álbum do Charlie Brown Jr. surgiu sob desconfiança. Saiu por uma grande gravadora (Virgin), com tutela de Rick Bonadio, produtor que dois anos antes conseguira sucesso nacional com os Mamonas Assassinas. Tinha toda a cara de armação.
Não era. E quem deixou isso bem claro foi Chorão. A música do Charlie Brown Jr. era simplória, apenas mistura de rock e hip-hop, mas o cantor fazia a diferença.
Uma empatia direta. Assim como a maioria dos garotos, Chorão não era exatamente um cara bonitão, galã da turma. Tinha marra de sobra e uma aura de esperteza, do jeito que todo moleque quer ser.
Com a arrogância de quem sempre se dá bem, espécie de coelho Pernalonga do skate-rock, fazia o público crer em sua prepotência juvenil.
Era o cara que dizia para a menina que só ele poderia fazê-la feliz. Aquele que tomava a praia como escritório, que prometia levar a amada para outro lugar ou que admitia estar nem sempre
calmo, mas nunca preocupado.
A identificação com o público era um espelho. Chorão se vestia e falava como os fãs. Andava de skate --o que rendeu shows com pé quebrado ou braço engessado.
A recente perda de espaço na mídia veio do enfraquecimento da divulgação das gravadoras e das brigas internas que mudaram a formação da banda várias vezes --na definição mais simpática veiculada por aqueles que o conheciam, Chorão "não era fácil".
O papel do cantor no pop nacional foi levar aos fãs um ídolo possível. Alguém parecido com eles, vestido como eles, era uma estrela de rock.
THALES DE MENEZES (Folha Ilustrada)

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