Famílias foram retiradas de área protegida por lei
ambiental.
Do G1
Santos
Setenta
famílias do Guarujá que foram retiradas de uma área protegida por leis
ambientais, aguardam, há oito anos, um local para morar. As famílias recebem
auxílio moradia no valor de R$ 200. As famílias moravam às margens do rio Santo
Amaro, embaixo de uma ponte na Avenida Santos Dummont.
Segundo
os beneficiários, o valor não condiz com a atual realidade dos aluguéis da
cidade. “Eu pagava R$ 250, agora pago R$ 400 para moradia. Só água e luz já dá
mais de R$ 100. Eu tenho que tirar mais de R$ 300 do meu bolso para pagar isso
aí. Eu sou uma pessoa já de idade, quase não trabalho mais, ainda mais que
tenho um defeito na vista. Fiquei praticamente na rua”, reclama José Manuel da
Silva, catador de reciclável.
Segundo
os moradores, o auxílio aluguel deveria ser dado por pouco tempo, porque as
famílias seriam encaminhadas para projetos habitacionais da cidade. Maria das
Graças de Brito, outra ex-moradora do local, explica o que seria o acordo. “A
gente ia para o CDHU, agora falam que aqui não tem lugar para construir CDHU,
que precisa de muita gente. E a gente vai ficar nessa espera até quando? Sou
uma cadeirante. Eu acho que todo mundo tem direito a uma moradia”, afirma a
dona de casa.
Lerdijane
Maria Corrêa é uma das moradoras que aguardam um destino definitivo para a
família. “Faz oito anos que a gente vive de auxílio aluguel. A promessa era que
em um ano e cinco meses devolveriam nossa casa, mas até agora nada”, afirma.
Johnson Baltazar guarda o diário oficial do ano da desocupação, onde se
anunciava o fim das condições subumanas em que as 70 famílias viviam sob a
ponte. “Fomos procurar a Prefeitura e a representante nos falou que nós não
estávamos cadastrados em projeto nenhum do Guarujá. Consta no Diário Oficial
que a gente está cadastrado num programa de habitação da CDHU, que ia ser
construída atrás da praça de festa junina na Vila Zilda”, lembra.
Os moradores contam que as famílias vivem em condições iguais, inclusive os
pescadores que viviam da pesca no local e que foram transferido para o Mangue
Seco passam pelo mesmo problema. Antonio Nunes dos Santos diz que está
reivindicando um píer para pesca. “Estou reivindicando um píer, para que a
gente possa dar continuidade no nosso trabalho, mas até o momento não foi feito
mais nada”, afirma.
Segundo a Prefeitura, todos os moradores que foram transferidos das margens do
rio Santo Amaro, além do auxílio aluguel, foram inscritos no programa Minha
Casa, Minha Vida, do Governo Federal e não na CDHU, como disseram. Para
esclarecer as dúvidas e tentar uma solução para o problema, uma comissão desses
moradores vai ser recebida hoje pela secretária de Habitação para uma conversa.
O encontro vai ser às 17h.