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sexta-feira, 31 de maio de 2013

Suspeita de fraude na eleição do Conselho Tutelar em Guarujá

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Candidatos dão queixa na Delegacia de Guarujá e acusam cinco vereadores de influência no pleito

Carlos Ratton – Diario do Litoral

Em Guarujá, a eleição para conselheiro tutelar virou caso de polícia. No meio da tarde de ontem, quatro candidatos registraram um boletim de ocorrência, na Delegacia Sede, alegando que o pleito, ocorrido no domingo, teria apresentado uma série de irregularidades. Um dos candidatos chegou a brigar com o promotor da Infância e Adolescência de Vicente de Carvalho, Osmair Chamma Júnior, acusando-o de inabilidade na condução do processo.
O pleito realizado na sede do município foi impugnado por problemas técnicos. Em Vicente de Carvalho, segundo os candidatos, as supostas irregularidades foram: uso de tabletes, quando o edital previa urnas eletrônicas; falta de transparência na apuração e no anúncio dos eleitos e, ainda, a influência de cinco vereadores nos locais de votação: Luciano Lopes da Silva (Luciano China – PMDB); Edilson Dias (PT); Elias José de Lima (Elias Primavera – PSB); Jailton Reis dos Santos (Sorriso – PPS) e Antônio Fidalgo Salgado Neto (Toninho Salgado – PDT).
Candidato à reeleição, Luciano Alberto de Souza Silva disse ontem, na Delegacia, que os problemas começaram bem antes do pleito, por intermédio da empresa escolhida para conduzir o processo. ”A capacitação foi péssima. Nós já havíamos denunciado a situação no Conselho Municipal dos Direitos da Criança e Adolescente (CMDCA) e para a Comissão Eleitoral. Depois, ao invés de urnas, a eleição foi realizada com tabletes”.
Silva disse que muita gente votou duas vezes, nomes de candidatos não constavam na lista de votação e pessoas não puderam votar nem com título de eleitor. O local de apuração (Lions Clube de Vicente de Carvalho) mudou “e a apuração ocorreu com as portas da Escola Municipal Afonso Nunes fechadas. O pleito terminou às 17 horas e o resultado, em um papel escrito à mão, saiu somente de madrugada, após os vereadores terem ficado horas trancados junto com a comissão eleitoral dentro da escola, depois de terem sido chamados por rádio pelo promotor Osmair Chamma”, denuncia.
Luciana de Jesus Claudino Lopes disse que a situação foi ridícula. “Tivemos que estudar em um curso preparatório, comprovar idoneidade e depois receber o resultado num papel escrito a mão, sem mostrar sequer a lista com os votos de cada um!”, lembra.
Priscila Prestjord, também candidata, disse que se sentiu num circo. “A votação não é obrigatória e tivemos trabalho para convencer os eleitores. Os vereadores e os representantes se trancaram e decidiram. Estou frustrada”.
Andreia Clarice Macedo Santos ficou indignada. “Eu fui a nona colocada e sou de uma comunidade pobre, porém, participante. Muitas pessoas tiveram dificuldades para votar. Minha fiscal não pôde acompanhar a votação e a contagem de votos. Uma eleitora foi votar e, quando teclou o meu número (36), apareceu foto de um homem”, garante.
Os candidatos disseram ainda que no momento que cada pessoa votava, um membro da comissão se dirigia ao tablete e o manuseava. Eles disseram ainda que uma candidata, que buscava a reeleição, já havia anunciado uma churrascada da vitória antes mesmo do resultado.
No Boletim de Ocorrência (5050/2013) ainda consta: defeitos e influência dos mesários sobre os equipamentos e não apresentação de filipetas de votação. O advogado dos candidatos, Airton Sinto, disse ontem na delegacia que, por enquanto, a ocorrência seria de preservação de direitos, para apurar as supostas irregularidades.
“Os candidatos não tiveram acesso aos resultados e há informações que alguns comemoraram a vitória antes da apuração, informando que já havia até churrasco preparado. Resultado em um papel escrito à mão também é estranho e duvidoso”.
Vinte e nove pessoas se candidataram ao pleito, que ocorreu no último domingo. Para votar, era necessário ter mais de 16 anos e apresentar apenas o título de eleitor e documento com foto. A eleição foi coordenada pelo CMDCA e a votação iniciou às 8h e terminou às 17h. O resultado de Vicente de Carvalho foi divulgado na madrugada de ontem.
Vereadores
Os vereadores encontrados pela reportagem negam qualquer influência sobre às eleições e disseram que só foram fiscalizar. Também revelaram estar descontentes de como o pleito foi realizado. Elias Primavera, presidente da Comissão da Criança e Adolescente da Câmara, disse que está do lado dos candidatos. “Essa empresa estava enrolada e os tabletes acabaram dando defeito. Para mim, o pleito de Vicente de Carvalho tem que ser cancelado. Não houve transparência”, disse.
Toninho Salgado enfatizou sua participação apenas como fiscal. “Não tive qualquer influência sobre o pleito e isso pode ser confirmado pela comissão eleitoral”, afirma.
Luciano China revelou que os problemas foram técnicos e que é preciso rever a questão dos tabletes. “Sou a favor do cancelamento do pleito. A empresa só disponibilizou um técnico para arrumar os tabletes, que apresentaram problemas”.
Sorriso e Edilson Dias não foram encontrados ontem, embora a Assessoria de Imprensa da Câmara tenha deixado contato do jornal em seus gabinetes. O promotor Osmair também não foi encontrado.
Prefeitura
A Prefeitura, por meio da assessoria de imprensa, informou que o pleito de Guarujá foi cancelado devido ao problema operacional em uma urna, impossibilitando acesso do resultado e a empresa contratada para prestar os serviços relativos à eleição eletrônica foi a Clicker Interativa.
Sobre o uso de tabletes ao invés de urnas, a Prefeitura informa que todo dispositivo eletrônico para captação de votos é considerado uma urna eletrônica e que o CMDCA desconhece influência de vereadores no pleito, cuja publicação oficial do resultado será feita por meio de edital do CMDCA nos próximos dias.

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