Planos e direções
No início do século passado,
alguns magnatas paulistanos visualizaram no balneário de Guarujá o lugar ideal
para estender seus guarda-sóis e cadeiras de praia, talvez alguns trocadores de
roupa, para que a nata da sociedade pudesse bronzear-se ao sol, como já faziam
os europeus. Foi o primeiro Plano Diretor da história da cidade. O próximo está
sendo escrito sem a sua participação, ao menos por enquanto.
Pelo Plano Diretor, as
autoridades locais ganham aval para autorizar ou negar determinadas
intervenções em seu solo físico. Nem sempre houve a possibilidade de
participação, mas o Estatuto das Cidades, outras dessas novidades das quais as
gerações que nasceram e cresceram sob a sombra da ditadura sequer ouviram
falar, pressupõe a revisão do Plano Diretor de cada município a cada cinco
anos.
Dentro de alguns dias, a atual
Administração Municipal de Guarujá encaminha à Câmara de Vereadores o seu
projeto, que já vem sendo apresentado em encontros e conferências formais. A
proposta inclui a mudança de diretrizes e rumos para a cidade, como a permissão
para que sejam erguidos espigões no Perequê, Santa Cruz dos Navegantes e no
Centro, onde a infraestrutura mal suporta o que já existe hoje, aliás, o que já
não suporta desde a época de balneário.
Ao longo das décadas, Guarujá
passou por várias transformações, mas as providências vieram a reboque, ou
seja, nem sempre as autoridades se anteciparam ao que aconteceria em
determinados bairros. Sabe-se que o bairro Santo Antônio enche com a maré, mas
uma obra dessas não costuma ser prioridade de governo algum. Parece que o porto
cresceu da noite para o dia, mas essa impressão é exclusiva do morador, pois
quem está no ramo do governo já sabia disso bem antes.
O projeto de revisão do Plano Diretor
impõe a realização de discussão popular, o que se dá por meio da realização de
audiências públicas, a serem organizadas pela Câmara Municipal, ocasião em que
os interessados por determinadas mudanças fazem seu lobby, o que não é
proibido, mas nunca se escreve nos livros a atuação dessa turma, já que sua
movimentação nem sempre é republicana. O convite não estará muito claro, mas
guarde o nome desse Plano e seja você o Diretor.
Valdir Dias
Jornalista – Colaborador