O futuro
e a perfeição
Valdir Dias
Se a vida
permitisse copiar a ficção, talvez o cenário ideal fosse oferecer a todas as
pessoas a chance de viver a história criada pelo diretor Cláudio Torres, que
responde por “O homem do futuro”, filme protagonizado pelo eterno Capitão
Nascimento, o ator Wagner Moura, juntamente com a campeã de qualquer
bilheteria, a atriz Alinne Moraes. O filme é de 2011 e está sendo exibido
nestes dias, nas emissoras de TV a cabo.
No filme,
Torres cria um ambiente dramático e imaginário, ao mesmo tempo em que é
engraçado e factível. A exceção fica por conta da pouco provável criação da
máquina do tempo, que permite ao personagem de Moura viajar do futuro ao
passado e vice-versa, corrigindo erros e antevendo o que pode dar certo ou
errado em sua própria vida.
Que atire
a primeira pedra quem nunca pensou em mudar a rota da história e refazer
caminhos supostamente equivocados. Fosse assim, poderíamos acertar todos os
passos e consertar o mundo, nosso país ou até mesmo nossa cidade, onde
geralmente impera a vaidade, o provincianismo, hipocrisias e pensamentos
suburbanos. A parte mais sensacional do filme é o período e as nuances entre o
passado e o futuro. É fácil concluir que tudo pode acontecer em vinte anos,
inclusive nada.
Ao marcar
um encontro para depois de duas décadas, o personagem descobre que tentar
manipular os caminhos do tempo é mais difícil e confuso do que possa parecer.
Bem melhor, descobre depois, é viver os anos, um por um, agindo todos os dias
para que a história seja escrita corretamente. E, como um poema, ouvir a
personagem de Alinne Moraes dizer que você é digno de uma espera de vinte anos,
numa frase que vale por todos os diálogos do filme.